Resiliência defensiva dos Gansos insuficiente para travar Leão
No relvado de Alvalade, o Casa Pia AC apresentou-se com uma postura firme e estratégica, mesmo diante de um Sporting CP imbatível e em pleno auge. Com uma táctica audaciosa e cuidadosamente elaborada pela equipa técnica, o Casa Pia optou por um 6-3-1, uma formação que, apesar das críticas dos mais desatentos, demonstrou ser crucial para conter as investidas do leão.
É inegável que o Sporting dominou em termos de posse de bola e tentativas de ataque, os números falam por si. Contudo, o que os dados frios não conseguem transmitir é a forma como o Casa Pia AC fez frente a uma das equipas mais perigosas da Liga. A linha defensiva composta por seis homens e o bloco coeso à frente da baliza tornaram a vida dos avançados leoninos bastante complicada. Poucas foram as ocasiões em que o Sporting encontrou espaço para infiltrar-se no último terço, fruto da organização e da resiliência defensiva dos Gansos.
O plano táctico do Casa Pia AC, muitas vezes questionado por parecer demasiado conservador, revelou-se uma escolha astuta. Frente a um adversário de qualidade superior e com jogadores capazes de desequilibrar individualmente, era necessário encontrar uma solução que oferecesse solidez defensiva e que, simultaneamente, mantivesse a equipa compacta e preparada para resistir às constantes ondas de ataque. Nesse sentido, o 6-3-1 foi perfeito.
O bloco baixo, que na teoria pode parecer retranca, ofereceu conforto aos jogadores do Casa Pia AC, que não se viram obrigados a esticar a equipa ou a correr riscos desnecessários. Os alas, sempre atentos a fechar os espaços, impediram que o Sporting conseguisse explorar os flancos com facilidade. E, com o meio-campo preenchido de forma inteligente, era praticamente impossível para os homens de Ruben Amorim encontrar entrelinhas por onde desequilibrar.
Apesar do domínio territorial do Sporting, foi apenas ao minuto 39 que os leões conseguiram abrir o marcador. Um momento de Francisco Trincão permitiu a Daniel Bragança inaugurar o marcador, mas mesmo este golo não abalou a confiança do Casa Pia AC. A equipa manteve-se fiel à sua estratégia, evitando ceder à tentação de se desorganizar em busca do empate imediato.
A solidez defensiva dos casapianos manteve-se intacta, e na segunda parte até houve mais arrojo nas saídas para o ataque. Se na primeira parte os Gansos tiveram poucas oportunidades de incomodar a baliza contrária, no segundo tempo Pablo Roberto trouxe alguma esperança ao ameaçar brevemente a supremacia leonina. A equipa mostrou que, apesar de defensiva, não se tratava de um conjunto sem capacidade de resposta.
Embora o Sporting tenha acabado por ampliar a vantagem através de um penálti de Gyökeres, a verdade é que o Casa Pia AC saiu de Alvalade de cabeça erguida. Frente a uma equipa que tem esmagado os adversários jornada após jornada, os Gansos conseguiram aguentar grande parte do jogo sem sofrer grandes danos, e a táctica de seis defesas foi fundamental para tal.
Há que reconhecer o mérito de uma equipa que sabe as suas limitações e que as compensa com organização, disciplina táctica e espírito de sacrifício. O Casa Pia não jogou para o espetáculo, mas sim para a eficiência, e o plano de jogo implementado quase levou o Sporting ao limite da sua paciência e criatividade. A estratégia de recuar e compactar foi bem-sucedida, e só um momento de brilho individual foi capaz de a quebrar.
Apesar da derrota, esta exibição do Casa Pia AC deve ser vista com orgulho. Não é todos os dias que uma equipa consegue conter um adversário do calibre do Sporting desta maneira. A táctica do 6-3-1, longe de ser um mero expediente defensivo, foi uma escolha corajosa e calculada, que permitiu aos Gansos manterem-se no jogo até ao fim.
Se o Casa Pia AC continuar a exibir esta solidez defensiva e a inteligência táctica que demonstrou em Alvalade, será certamente uma equipa a ter em conta no futuro desta Liga. O Casa Pia AC saiu derrotado de Alvalade, mas com a honra intacta. Frente a um Sporting que continua invicto, os Gansos apresentaram uma estratégia defensiva exemplar e uma táctica que, contra todas as expectativas, quase os levou a sair com algo mais do que apenas o reconhecimento do esforço.
