Hóquei | Formar homens e fazer o pleno dos títulos nacionais da Formação em Indoor
Educar e formar homens é a principal preocupação no Hóquei do Casa Pia AC, mas esse objetivo não impediu que esta época o Clube tenha conseguido um feito desportivo histórico: pela primeira vez em 32 anos, fez o pleno dos títulos nacionais Indoor nos escalões de Formação (Sub-13, Sub-16 e Sub-18).
Luís Tavares, o coordenador-técnico da Formação do Hóquei, e Ricardo Fernandes, o treinador das equipas Sub-16 e Sub-18, orgulham-se pelo trabalho realizado, mas não escondem que este comporta dificuldades relacionadas com o facto de os jogadores serem alunos, acolhidos em residências e externos, de duas escolas – os Centros Educação e Desenvolvimento Maria Pia e Jacob Rodrigues Pereira – e de muitos terem dificuldades familiares.
“O balanço é muito positivo”, começa por dizer Luís Tavares, recordando, no entanto, que o trabalho dos responsáveis do Formação do Hóquei “é complicado, porque requer muita organização e esforço”, devido ao facto de os 105 jogadores, todos alunos da Casa Pia, pertencerem a duas escolas diferentes.
De acordo com o coordenador-técnico, “obviamente” que ter bens resultados desportivos é um objetivo, mas o mais importante é a educação e formação dos jogadores: “Formar homens e, depois, inseri-los nos seniores, porque também são uma realidade do Clube, e nas seleções”.
“Neste momento há oito miúdos a treinar com os Seniores, dois dos quais já em permanência. Um deles já joga e o outro vai começar a jogar. Já tivemos um jogador da Formação na Seleção Nacional de Seniores e temos vários nas seleções de Sub-18 e Sub-21”, adianta.
Luís Tavares admite que na próxima temporada “vai ser complicado, porque é impossível fazer melhor do que este ano, mas o objetivo passa por conseguir o mesmo”: voltar a dominar o panorama nacional do Hóquei Indoor nos escalões de Formação.
“No entanto, o mais importante neste momento é garantir a estabilidade, continuar a ter os miúdos a treinar e jogar com regularidade. O Hóquei é uma modalidade amadora e na mudança dos Sub-18 para os Seniores costuma haver muitos abandonos por questões académicas ou laborais”, remata.
Na sua quinta temporada no Casa Pia AC, onde começou por orientar uma equipa Sub-18 que integrava alguns jogadores surdos-mudos, Ricardo Fernandes admite que, apesar de o Clube não ser um ‘outsider’ porque “tem sempre bons jogadores e boas equipas”, a conquista do pleno de títulos era algo que não estava no seu horizonte: “Não estávamos à espera de conquistar os três títulos, mas felizmente aconteceu”.
Recordando que “a maioria dos jogadores não tem uma família muito consolidada”, o treinador dos Sub-16 e Sub-18 afirma que há a preocupação de “levá-los ao colo a nível pessoal e psicológico”, porque os hoquistas “têm qualidade e as coisas correm melhor se tiverem a cabeça limpa em casa e na escola”.
“O meu não é um trabalho só de treinador. Sei que muitos vêem-me como um pai ao fim-de-semana, como um amigo com quem podem conversar. Para além do treino, que podia fazer em qualquer outro clube, o que me motiva mais no Casa Pia é estar a formar homens e pessoas educadas para seguirem a vida deles como adultos”, conclui Ricardo Fernandes.